quinta-feira, 2 de julho de 2020

O Estranho Seguidor

MEDITAÇÃO DIÁRIA

2 de julho
O Estranho Seguidor

Um jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus. Quando tentaram prendê-lo, ele fugiu nu, deixando o lençol para trás. Marcos 14:51, 52, NVI

A identidade do jovem mencionado no texto está envolvida em conjecturas. A tradição cristã e alguns eruditos têm identificado o rapaz como o próprio João Marcos, tido como autor desse evangelho. Um dos argumentos é o fato de que, em outra situação de perigo, ele abandonou Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária feita por eles (At 13:13). Há também a tradicional especulação de que a última ceia teria ocorrido em sua casa, razão pela qual os soldados se dirigiram para lá em busca de Jesus. Estando dormindo, ele teria acordado e, assustado, correu sem se vestir devidamente. De acordo com o costume antigo de se expressar, o jovem não estaria totalmente despido, mas envolvido por um lençol e vestido com roupas íntimas.

Contrariando a crença de que o jovem era Marcos, há o argumento de que, no momento da prisão de Cristo, todos os discípulos haviam fugido (Mc 14:50), o que torna inviável a presença dele. Além disso, embora a narrativa pareça ter sido feita por uma testemunha, esse não seria o caso desse evangelho. Marcos foi um narrador que relatou fatos que chegaram a seu conhecimento. Papias de Hierápolis, escritor do 2o século, afirmava que Marcos apenas reproduziu as lembranças de Pedro.

À parte dessas opiniões, tudo indica que Jesus era tão especial para aquele moço que pouca importância deu ele à sua condição, a fim de estar perto do Mestre. Embora tenha fugido, aparentemente depois de ter resistido ao ataque da turba, permanece o fato de que nenhuma barreira de constrangimento por não estar devidamente vestido foi tão forte para impedi-lo de se aproximar de Cristo. A veste material não lhe parecia mais importante que a veste espiritual do amor, da graça e aceitação de Jesus.

Séculos antes dessa ocorrência, no Éden, Adão e Eva se viram despidos de sua pureza e santidade (Gn 3:7). Então, “sentiam temor pelo futuro, a falta de alguma coisa, uma nudez de alma. […] Sentiram uma carência que nunca tinham experimentado antes” e tomaram eles mesmos providência para cobrir a nudez (Ellen White, História da Redenção, p. 38). No Apocalipse, a igreja de Laodiceia esconde a própria nudez, sob as vestes tecidas dos próprios méritos (Ap 3:18). Entretanto, nem folhas de figueiras de um cristianismo superficial nem as finas vestes laodiceanas de nossos melhores feitos cobrem a nudez espiritual. A graça de Cristo é a única cobertura a que devemos recorrer.

Meditações Matinais - De Coração a Coração, Zinaldo A. Santos

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